quinta-feira, 5 de junho de 2008

A Lenda do Caldeirão

Hoje quero lhes apresentar esta senhora de quase nove décadas. Mora na Praia Grande e vêm duma familia que já esta na ilha faz mais de dois séculos. É uma mulher trabalhadeira...ainda capina e planta sua roça na ladeira empinada. Um exemplo de saúde, mesmo que atualmente reclame de dores depois de trabalhar o dia inteiro com o sol de fevereiro na cabeça.
Àvida da memória dos seus anos, tal vez porque no meu exílio precisse de lembranças para viver...embora nao sejan lembranças próprias e sim da humanidade em geral, com esa sede digo, fui em muitas ocasiões visitar dona Matilde e fazía-lhe um caudal de perguntas. Logo ví que não era muito confiada e a história que segue nao a ouví primeiramente da sua boca senao dum neto seu. Com o tempo nos tornamos amigas. Ela gostou do meu jeito e conheceu e gostou também dos meus parentes que me visitaram na ilha. Eu gosto dela e respeitéi seu silêncio...até que ela mesma abriú jogo (ou fogo?)
Para cima do terreno de Dona Matilde há muitas pedras e pouca água. Há vestigios de que já correu muita, mas a maioría das nacentes secou e só em épocas de chuva abundante ressucitam. Era o mês de julho e por sorte en esta estação faz frío mas quase não chove. Assim a mata fica aberta durante o outono e isso favorece as expedições, pois reduz o trabalho do facão. Um dia desses subimos bastante o pico mais alto que está nas costas da Praia Grande de Araçatiba. Dona Matilde disse que havía um enorme caldeirão de bronze e que estava alí desde a epoca da escravidão. Um tessouro, disse, mas muito pesado ao ponto de precissar de vários homens para arranca-lo de duas paredes de pedra onde estava encravado e entre as quais fazía-se uma grande fogueira e que por isso havía um poço... e por que a senhora nao mostrou o caldeirao para ninguém? perguntei já tentando indagar a veracidade do assunto. Matilde respondeu que porque nao dava mais para ela ir e se indicasse o local para alguém com certeza se mandaría com o dinheiro sem lhe dar um tustão da sua parte. Ela riú muito quando perguntei se também não confiava em mim. Lhe disse que não estavamos atrás de riquezas e sim de objetos antigos para colecionar...as gargalhadas me abraçou e me beijou dizendo "Mas, minha filha, se são as coisas velhas as que valem dinheiro e isso você sabe muito bem!! ". Mordidos pelo monstruo da cobiça partimos nesse mesmo meiodia a nossa primeira incursão na procura do caldeirão de bronze.

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